A Polícia Judiciária, em investigação conduzida pela Unidade Nacional de Combate à Corrupção, realizou, recentemente, a segunda fase de uma operação policial, visando a detenção de membros de uma organização criminosa que se dedicava à prática de burlas qualificadas, comummente designadas por “cartas da Nigéria”.
A primeira fase desta operação foi realizada em maio de 2022, no âmbito de uma operação conjunta com as autoridades espanholas, britânicas e americanas, coordenada pela EUROPOL, tendo, na altura, sido detidas, em Portugal, um total de 16 pessoas.
A segunda fase da operação agora realizada teve lugar em inquérito a correr termos no DIAP de Lisboa, tendo sido realizadas 3 buscas domiciliárias e detidas mais 4 pessoas, todas do sexo masculino e de nacionalidade estrangeira, com idades compreendidas entre os 27 e os 55 anos, fortemente indiciadas pelos crimes de associação criminosa, burla qualificada, falsificação de documento e branqueamento.
Das buscas resultou a apreensão de centenas de cartas, impressoras, tinteiros e diverso equipamento informático utilizado na produção das cartas, além de telemóveis.
A atividade criminosa era desenvolvida, pelo menos desde 2022, tendo lesado cidadãos em países como Estados Unidos da América e França, entre outros, em valores que ascenderão a centenas de milhares de euros.
O modus operandi assentava no envio massivo de cartas para os mais diversos países, redigidas em variadas línguas e, supostamente, remetidas por escritórios de advogados, invocando a existência de uma herança de que seriam beneficiárias, na ordem de vários milhões de euros, devido ao falecimento de um pretenso familiar, residente em Portugal.
Após resposta à carta, era solicitado às vítimas – maioritariamente idosos – o envio de documentação diversa, designadamente, cópia do respetivo documento de identificação, entre outros dados pessoais.
De forma a credibilizar os contactos, as vítimas recebiam documentos supostamente emitidos por autoridades públicas nacionais, com selos, carimbos e assinaturas falsas, bem como por diferentes instituições bancárias, tanto nacionais, como internacionais.
Posteriormente, era solicitado às vítimas o pagamento sucessivo de montantes diversos, a título de custos relacionados com seguros, taxas bancárias/administrativas e impostos.
Com a utilização de um modus operandi em tudo similar, eram igualmente remetidas cartas respeitantes a um suposto prémio monetário de que as vítimas haviam sido vencedoras, voltando a ser exigidos pagamentos diversos.
Os quatro arguidos agora detidos foram presentes às autoridades judiciárias competentes, tendo a três deles sido aplicada a medida de coação mais gravosa de prisão preventiva.