Direção Nacional

A Polícia Judiciária (PJ) participou numa operação realizada em Portugal e em Espanha, coordenada pela Europol, que desmantelou uma rede criminosa internacional de tráfico de estupefacientes e branqueamento de capitais, ativa há mais de oito anos na União Europeia e na América do Sul, e que resultou na detenção de 20 suspeitos.

A rede criminosa, que usava identidades roubadas de cidadãos colombianos, portugueses, espanhóis e venezuelanos, é suspeita da ‘lavagem’ de mais de 10 milhões de euros. Estava a ser investigada há alguns anos pelas autoridades espanholas – Mossos d’Esquadra e Polícia Nacional –, com a indicação de que cidadãos portugueses participavam ativamente no branqueamento de capitais oriundos de Espanha, através do transporte físico de importantes quantias de dinheiro e posterior depósito em diversas contas bancárias nacionais, tituladas por portugueses com ligações à diáspora portuguesa na América Latina.

Desta extensa cooperação com as autoridades policiais de Espanha resultou o desenho da Operação Montana, com a realização de 13 buscas e 20 detenções, a 06 e 07 de março.

No âmbito das diligências solicitadas à PJ, realizadas pela Unidade Nacional de Combate à Corrupção, foram efetuadas, em território nacional, duas buscas domiciliárias na zona de Ílhavo e de Aveiro, que visaram o principal suspeito, responsável pelo transporte físico de dinheiro de Espanha para Portugal.

Este cidadão português recebia indicações de cabecilhas da rede criminosa para a recolha do dinheiro em Espanha. Depois, transportava-o no seu veículo, de forma oculta, para o nosso país e depositava-o em bancos portugueses, em contas tituladas por outros suspeitos, pertencentes à diáspora portuguesa na América Latina, sobretudo Venezuela, que as cediam para fazer passar dinheiro oriundo do tráfico de estupefacientes.

A PJ apurou que o principal suspeito português não residia na sua morada fiscal, em Ílhavo, mas sim com a sua família numa moradia luxuosa na zona de Aveiro, propriedade de uma empresa em nome da sua esposa, que foi alvo de buscas e onde se apreendeu prova importante para a investigação.

No decurso das buscas, foram apreendidos mais de 40 mil euros em dinheiro, máquinas de contar dinheiro, joias e barras em ouro, documentos bancários, uma arma de fogo e ainda apontamentos escritos que ligam o detido ao branqueamento de dinheiro, oriundo do tráfico de estupefacientes em Espanha.

Da Operação Montana, realizada em Portugal e em Espanha, resultou a apreensão total de 156 mil euros em dinheiro, barras de ouro no valor de 35 mil euros, mais de 50 veículos, joias e 30 relógios de luxo no valor de 500 mil euros e dispositivos eletrónicos.
Mais de 100 contas bancárias e 10 imóveis com valor superior a 3 milhões de euros foram, também, bloqueados em resultado desta operação.

A Europol apoiou a investigação desde setembro de 2021, fornecendo análises operacionais, conhecimentos técnicos e coordenação operacional.

As autoridades espanholas e portuguesas continuam a efetuar diligências para identificar e localizar outros cidadãos relacionados com este esquema de branqueamento.

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